Finalmente tudo terminou. Ela já não aguentava mais tanta pressão, tanto trabalho! Já
não suportava aquela carga horária cansativa, turnos intermináveis, pesquisa atrás de
pesquisa, documentos, problemas... Estava farta de se vestir com aquela roupa
formal, de ter de que se preocupar com seu linguajar, com seu posicionamento, de
estar sempre vigiada, com supervisores a avaliando, todos observando o que fazia, se
estava agindo corretamente, parecia que todos torciam para vê-la vacilar.
Certa vez, em uma sala de debates alguém jogou-lhe uma indireta. Precisava reagir
àquilo. Mas como? Os olhos de seu supervisor brilharam de entusiasmo. Todos
olhavam agora para ela, talvez não todos, mas para ela parecia que o mundo inteiro
se virava para observá-la. Suas mãos suavam. O crachá rodopiava em seus dedos
ansiosos, suas pernas batiam energicamente e uma vontade estranha de fazer xixi, de
súbito, lhe ocorreu. O pior de tudo eram as consequências que aquilo teria, poderia ser
prejudicada, poderia prejudicar a situação de algum colega, estava nervosa e seu
superior a olhava, aguardando. Ela só queria ir embora de lá. Mas finalmente tudo isso
acabou!
Logo que saiu da sala, foi ao banco mais próximo para sentar-se e finalmente tirar
aqueles saltos que tanto a machucavam. Mais um calo no pé. Pousou seus pés
cansados no chão. Ah! Como era relaxante! Colocou sobre a mesa sua pasta e seu
notebook. Foi bom enquanto durou!
Tinha, apesar do cansaço e do imenso trabalho com seus colegas, uma sensação de
dever cumprido, mas os calos nos pés a lembravam que não fora fácil.
Sua mente flutuava entre algo para comer e sua cama, macia, quentinha... Ah! Como
queria chegar em casa para vestir um pijama, assistir uma série e não pensar mais em
todo aquele tormento, em todos aqueles dias de trabalho duro e estresse! Não ter que
reencontrar todos naquela situação, tensos, e ter, enfim, saído daquele tormento. Ufa!
Estava tranquila!
É claro, tinha aprendido muitas coisas no cargo, mas enfim estava fora daquilo tudo.
Chegou em casa. Jogou a pasta na mesa, o sapato no chão e se jogou na cama.
Enfim em casa! Soltou os cabelos, ainda deixando alguns grampos do coque para
trás, desabotoou a roupa, abriu o zíper da saia justa... Ah!! Que alívio!... Sua barriga
estufou um pouco... Sem dúvidas, aquela era uma das melhores sensações! Foi à
cozinha, devorou algumas bolachas. Não queria conversar, apenas se jogou na cama
novamente.
E dormiu. Ah! Como estava feliz!
Ela não tinha perdido o emprego, nem pedido demissão. Era uma aluna voltando do
IFmundo!
Por Sara Mendes Marques (3°Informática A)
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